terça-feira, 4 de março de 2008

NOTES ON A SCANDAL (2006)


Inebriante. Escandaloso. Estarrecedor. Chocante. Todos esses adjetivos são insuficientes pra descrever quão magnanimamente Notas Sobre Um Escândalo ataca de frente os tabus da dita sociedade moderna. Na conservadora e cinzenta sociedade britânica, crimes como pedofilia, adultério e lesbianismo soam como rangidos estridentes. Todos esses sons juntos, entretanto, regidos pelo competente maestro/diretor Richard Eyre foram convertidos em uma melancólica sinfonia, onde Judi Dench e Cate Blanchett são as sopranos que dão vida a uma trágica ópera. Ambas professoras de uma escola de subúrbio, acabam se unindo. Sheba Hart (Blanchett), por simpatia à solidão da colega, causada por um passado obscuro e uma dificil personalidade. Barbara Covett (Dench), por julgar que a nova professora possa ser uma ilha de inspiração no meio de um oceano de mediocridade onde está inserida. O “escândalo” do título é protagonizada pela nova professora de arte, que cede aos apelos de um aluno do 2o ano, de apenas 15 anos. O affair vai se desenrolando até que a veterana professora de História flagra os dois amantes no ato, e pede explicações à nova amiga. Sob a promessa de terminar o caso proibido e revelar tudo ao marido, Bar promete não revelar nada a ninguém, afim de não prejudicar a carreira de Sheba. Com esse “favor”, consegue seu objetivo: mais tempo com seu novo objeto de desejo, que até então julgava o favor como sendo um ato de amizade. Daí em diante, a infeliz senhora tenta expor seus desejos reprimidos, mas é rechaçada por alguém com opção sexual diferente da sua. Pra piorar, descobre que a promessa não foi cumprida, e o relacionamento extraconjugal da colega segue a todo vapor. Novas promessas. Nova reaproximação. A calmaria, porém, dura pouco. Um desentendimento banal entre alguém que pensava poder mandar e outra que pensava poder desobedecer causa o vazamento do segredo para a escola, a sociedade e os tablóides ingleses. O real exemplo da velocidade com que uma fofoca pode se espalhar. Daí em diante, a vida de todos vira um inferno. Menos a da amargurada professora, que se torna a nova anfitriã da esposa indesejada cujo marido pediu um tempo para ter tranqüilidade para colocar as idéias no lugar. Detalhe: o casal também apresenta grande diferença de idade e se conheceram na mesma relação professor/aluno. O desenrolar serve para abrir os olhos de qualquer um. Vemos quão insignificante nossa existência pode ser. Como a solidão pode atingir qualquer um. Que ninguém está acima de qualquer suspeita. E que não devemos falar dos vizinhos, porque os próximos a estar sob os holofotes podemos ser nós mesmos.

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