quinta-feira, 12 de junho de 2008

FIGHT CLUB (1999)


Tenho como máxima que filmes realmente bons passam pelo ‘teste da segunda vez’, ou seja, não perdem o encanto quando os vemos novamente. Pelo contrário, as obras da sétima arte realmente contundentes parecem ficar melhores a cada ‘assistida’, quando nos atemos a novos detalhes e constatamos os meandros de películas consideradas geniais.
Clube da Luta se enquadra nessa categoria, se trata de uma obra-prima do cinema moderno. Grande parte desse mérito se deve ao brilhante David Fincher, ex-diretor de videoclipes e também responsável por um dos mais efetivos thrillers sobre serial killers já feitos, 7even. Outro quinhão do êxito pertence a Chuck Palahniuk, autor do livro homônimo, cuja originalidade do tema e brilhantismo ao criticar de forma sagaz e ácida o capitalismo norte-americano, metaforicamente ‘deu um soco’ na cara de cinéfilos que há muito não tinham pela frente tamanha quebra de paradigmas.
Afinal, com que freqüência se vê um filme cujo protagonista, um típico baby boomer escravo do capitalismo e insone de carteirinha se torna o líder de uma organização de submundo? Some-se a isso o já conhecido mote da esquizofrenia, que em Clube da Luta atinge outras proporções, magnificamente melhor exploradas que outros filmes que abordaram o assunto geralmente sob a ótica de assassinos seriais.
As origens de Fincher se tornam inconfundíveis no uso preciso de computação gráfica na abertura e em outros momentos específicos do filme, na dose ideal, sem extrapolar. A escolha da trilha musical, basicamente música eletrônica, também acerta em cheio, ao ambientar o nervoso ritmo da vida moderna em que os personagens interagem.
Some-se a isso a melhor interpretação das carreiras de 3 talentosíssimos atores da última geração de Hollywood: Brad Pitt (longe do galã convencional de Doze Homens e um Destino ou tantos outros onde seus cabelos loiros e os olhos claros já bastavam para cativar a audiência feminina), Edward Norton (pela primeira – e única vez, em minha modesta opinião – tendo 100% de sua brilhante capacidade dramática aproveitada) e a fúnebre Helena Bonham Carter, que tem por regra desempenhar bem papéis obscuros em filmes da mesma natureza, como Sweeney Todd – o barbeiro da Rua Fleet.
Apesar da aparente audácia dessa informação, pode ainda ser tido como um bastião do cinema social, ao sugerir que o American way of life imposto ao mundo pelo domínio midiático dos yankees ‘pode não ser’ o ideal de sucesso que as pessoas vêem na telinha. Tamanha abstração em agradar a quem quer que seja, por si só, já vale uma olhadela. Eu mesmo, confesso, já dei mais de dez.