domingo, 18 de maio de 2008

MUJERES AL BORDE DE UN ATAQUE DE NERVIOS (1988)


O espanhol Pedro Almodóvar é provavelmente o cineasta mais representativo de seu país desde o lendário Luis Buñuel e, ainda mais possivelmente, o autor que represente com maior destreza e sensibilidade na telona o universo feminino. Seu drama com toques cômicos Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos é muito mais leve e bem menos trágico que grandes hits como Má Educação, Tudo Sobre Minha Mãe e Volver - nem por isso falha em retratar deliciosas nuances do sexo frágil.

O delicioso enredo conta a história de um triângulo amoroso, que mais adiante acaba virando um quadrado; há, ainda, a formação de um segundo triângulo na trama. Tudo em família, no entanto. Algo bem latino. A atriz Pepa (encarnada pela inspiradíssima Carmen Maura) acaba de terminar um relacionamento de muitos anos com seu amante Iván (vivido pelo carismático Fernando Guillén), que a evita por ter arrumado outra amante. Para despistar Pepa e sua esposa, Iván diz a uma que vai viajar com a outra, e vice-versa. A confusão se torna ainda maior quando a ingênua Candela ( María Barranco), amiga de Pepa, se envolve com terroristas xiitas e busca apoio com a amiga. No apartamento de Pepa, recém disponibilizado para o aluguel, surgem o filho de Iván, Carlos (Antônio Banderas, em participação apagada) e sua noiva. Junte-se a isso um gazpacho turbinado com remédios que Pepa preparou para dar cabo de Iván e o resultado será um final surpreendente. Ótimo entretenimento, original, belíssimo visual (a preocupação com as cores, leia-se fotografia, é digna de louvor), takes inesperados e uma direção marcada. Com tantos predicados, não é de se estranhar que 85 minutos passem em um piscar de olhos.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

RUSHMORE (1998)


Há poucos diretores no circuito 'comercial' de hoje em dia que fazem os ditos 'cinemas de autor', onde pequenos detalhes estéticos ou outro tipo de nuances nos dão a idéia da 'assinatura' do cineasta.
Meu preferido, atualmente, é PTA (Paul Thomas Anderson, dos magníficos Magnólia e Sangue Negro). Mas Wes Anderson, em sua pequena filmografia de sete filmes, já conseguiu estabelecer esse estigma. Em Rushmore, seu terceiro trabalho, nota-se um esmerado trabalho em construir todo um mise-en-scene característico, algo que raramente se percebe hoje em dia.
É esse o tipo de detalhe que transforma uma comédia/drama que, na mão de algum Zé-Ninguém pau mandado de estúdio em uma obra que se distingüe da média por sua originalidade e carisma. E claro, há a mão de Anderson na brilhante condução de atores até então estreantes, como o protagonista Jason Schwartzman (presente em seu mais recente filme), um jovem líder estudantil bolsista na prestigiada escola Rushmore. Nessa escola, o cheio-de-lábia e não tão brilhante e estudante (que se destaca em atividades como peças de teatro e na condução da equie de esgrima, entre várias outras extracurricularidades), conhece os outros antagonistas principais, a professora Rosemary Cross (Olivia Williams) e o empresário Herman Blume (vivido pelo sempre impassível Bill Pullman). A história toma contornos de triângulo amoroso - platônico da parte de Max Fischer. Fischer faz de tudo para conquistar o amor da professora, até constrói um aquário, com a ajuda de Blume.
Este e muitos outros episódios insólitos conferem à estória tem um desenrolar delicioso e cativante, cheio de presença de espírito e personagens apaixonantes. Passa voando e deixa saudades, como qualquer coisa que não se está acostumado a ver com freqüência.