sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

AMERICAN GANGSTER (2007)


Do pouco que se pode dizer do novo trabalho de Ridley Scott, é apropriado lembrar que 'O Gângster' só não foi mais mal sucedido porque, após a obra-prima que foi O Poderoso Chefão de Francis Ford Coppola, raríssimos filmes explorando qualquer nuance da máfia conseguiram evitar o fracasso. Se há alguma 'novidade' nesse longa, eu diria a única, é ver Denzel Washington fazendo papel de criminoso, no caso, o primeiro 'don' negro na América. Junta-se a ele outro nome de peso, o do neo zelandês Russell Crowe, que encarna o policial acima de qualquer suspeita encarregado de desmantelar a poderosa quadrilha chefiada por Frank Lucas (personagem de Washington). O roteiro batido prova por a+b que não é qualquer elenco, nem diretor, que faça uma história batida virar hit. É esse o risco de ser não ser corajoso o suficiente pra arriscar e fazer algo novo. É exatamente o ponto onde o perfeccionismo técnico acaba não significando mais nada, explicitando o fato de que alguns diretores são como técnicos de futebol: sua presença é meramente decorativa. Resumindo: é o típico filme americano feito para agradar somente a americanos.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

INTERVIEW (2007)


Logo após os primeiros minutos, o 4º longa dirigido por Steve Buscemi já apresenta uma característica marcante, pra não dizer peculiar: limita-se a um mesmo espaço, ou locação, a exemplo do histórico Festim Diabólico, do mestre do suspense Alfred Hitchcock. Afora isso, Interview não guarda mais nenhuma semelhança com o monstro sagrado do cinema antes citado - nem por isso é um mau filme, muito pelo contrário. O título diz respeito a uma entrevista que o também protagonista Buscemi, outrora jornalista político, é incumbido de realizar com uma estrela do cinema, Katja (interpretada, muito bem, diga-se de passagem, por Sienna Miller). O encontro começa mal, passa por vários entreveros e após uma série de eventos, culmina no apartamento de Katja, onde os acontecimentos se seguem até o final do filme. Ali se seguem confissões profissionais e pessoais bombásticas, um tapa de luva de pelica atrás do outro. Nota-se o olhar cínico e a mão aguçada de Buscemi na direção, permeado por um roteiro sagaz e envolvente, apesar de não oferecer muito em termos criatividade. Não eram muitas as expectativas iniciais, talvez por essa razão tenham ficado acima do esperado.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

INTO THE WILD (2007)


Dentre as muitas fórmulas surgidas até hoje na sétima arte, a do road-movie certamente possui um dos menores indices de rejeição. Essa jornada de auto-conhecimento de um jovem, escrita e dirigida brilhantemente por Sean Penn, não foge à regra. Emile Hirsch é Christopher McCandless, um recém-graduado de direito que tem uma crise de identidade motivada pelo culto ao materialismo exercido por seus pais, os Academy Award Winners William Hurt e Marcia Gay Harden. Encurralado pela promessa de um novo carro, oferecido por seus pais, e seu ingresso no mundo dos engravatados (uma pós-graduação, também financiada pelos McCandless), Chris toma a decisão mais improvável: doa os 24 mil dólares de sua tuição e planeja uma viagem ao Alaska. Durante o périplo, alguns flashbacks são inseridos, como o período em que Alexander Supertramp (pseudônimo do nosso viajante) trabalhou em uma fazenda junto com seu amigo e chefe Wayne (Vince Vaughn), com quem ele continua mantendo contato. Também conhecemos uma família que viaja o país em seu trailer, composta pela ótima Catherine Keener e seu marido Brian Deeker. Um dos momentos mais emocionantes se passa quando há um choque de gerações entre Alex e Ron, um simpático e solitário velhinho que também presta ajuda ao mochileiro. A troca de experiências e a profundidade das emoções presenciadas é realmente digna de aplausos. Palmas para os atores e para Penn, que soube extrai-las como poucos. Pode parecer que você já assistiu esse mesmo filme muitas vezes, mas não faz mal. Sentir-se bem nunca é demais.