O maior mérito de Land of the Blind é poder ser considerado como um sonho dentro de um sonho. Isso por que, a despeito de seus “congêneres” Brazil e V de Vingança, possui alguns elementos “orwellianos”, de “1984”. O principal deles é o totalitarismo e a presença de rebeldes querendo derrubar o sistema vigente. A principal diferença dessa película em relação às outras é sua aparentemente menor preocupação visual. Foi adotado um tratamento de imagem mais simplista, visando tão-somente demonstrar a realidade nua e crua de uma sociedade que sofria com mandos e desmandos de um ditador mimado e sua esposa, passou por uma revolução cujo resultado foi uma ditadura mascarada que afundou ainda mais a procura por democracia e cujo clímax foi a interrogação sobre o resultado de uma contra-revolta que acontece nos últimos instantes de filme. Afora isso, é importante ressaltar a importância dos dois principais agentes motrizes da trama, o genial Ralph Fiennes, que sabe como poucos conferir uma melancolia elegante e ideológica aos papéis que encarna, e ao experiente Donald Sutherland, um camaleão à espera de um roteiro onde possa demonstrar sua incrível capacidade dramática. Junte-se esse dueto a um roteiro primoroso, despretensioso na essência, idealista (quem sabe) no objetivo e eficiente no resultado. Tem-se aí um dividendo, na pior das hipóteses, curioso; na melhor, uma grata surpresa. Algo que se destaca no meio da multidão, cada vez mais difícil de se ver nas estréias de sexta-feira.
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