sábado, 1 de março de 2008

ERASERHEAD (1977)


Grosso modo, a obra de David Lynch poderia ser comparada a um show de horrores. Seu controverso Eraserhead, filmado em 1977, ilustra perfeitamente essa correlação. O bizarro cineasta utiliza a triste realidade suburbana como pano de fundo para uma ácida crítica social, cujo clímax pode ser interpretado pelo nascimento de uma criatura defeituosa, resultado do fruto de uma relação proibida entre a mais jovem integrante de uma família problemática com um medíocre funcionário de uma prensa local. O tradicional mosaico de imagens lynchiniano é genial ao expor como o ser humano lida com seus fantasmas mais profundos, como a aceitação e a tentativa de amar e cuidar de um filho defeituoso, e com a latente incapacidade de livrar-se deles. O resultado é de embrulhar o estômago, contra-indicado para os fracos de estômago, depressivos e portadores de qualquer sorte de instabilidade emocional. Aos demais, recomendo deixar toda e qualquer preconcepção de lado.

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