Tivesse eu assistido a esse filme ano passado, teria sido totalmente diferente a minha interpretação sobre o mesmo, já que, além da satisfação que um filme nos causa, outro quesito importante a considerar são as referências que podemos traçar entre obras (literatura, filmes, música) que já conhecemos e as que estamos conhecendo ou prestes a conhecer.
A razão de tamanha mudança é que nesse ano, durante o primeiro ano da faculdade de Letras-Inglês, estou aprendendo sobre psicologia e filosofia.
Da primeira matéria, auxiliou a mudar minha visão sobre o filme o conceito de psicanálise, desenvolvido por Sigmund Freud. A conexão com o filme se observa na supressão de memórias que o personagem principal, vivido por Leonardo di Caprio, se vê obrigado a exercer para que possa se manter vivo. Tamanha é a influência dos acontecimentos que o personagem se obriga a esconder sua personalidade principal e assumir um alter-ego, esse sim sem um horrível passado a esconder.
A estória, como era de se esperar, se passa em um hospital psiquiátrico para criminosos perigosos, localizado na Ilha Shutter. Di Caprio, o agente Teddy Daniels, chega a essa ilha acompanhado de Chuck, um parceiro policial, interpretado por Mark Ruffalo. A missão dos dois seria descobrir o paradeiro de uma perigosa interna que teria escapado misteriosamente da ilha.
A estadia, que deveria durar ao menos até o mistério ser resolvido, acaba sendo reduzida devido a recusa que o diretor do hospital (Ben Kingsley) oferece aos pedidos de documentação e entrevistas requisitados pelo oficial. O retorno antecipado também acaba sendo adiado, devido a uma tempestade inesperada que assolou a ilha na mesma noite.
O prolongamento acaba dando à Di Caprio a oportunidade de vasculhar melhor a ilha, e, assim, ter a oportunidade de levar a cabo sua verdadeira intenção no local: encontrar o suposto incendiário que teria posto fogo na casa de sua falecida mulher, matando a ela e seus dois filhos.
Acresce-se a lista de descobertas uma ex-psiquiatra do hospital, que faz revelações bombásticas ao agente sobre algumas atividades "secundárias" que acontecem na ilha, fato este que acaba turbinando ainda mais a paranóia de Di Caprio.
A trama ganha pouco a pouco contornos cada vez mais esquizofrênicos, alternando o ponto de vista dos médicos e do agente, chegando-se a um ponto quando não sabemos mais em quem acreditar. É nessa hora que um flashback, inspirado na tragédia grega de Medéia (eis minha contribuição da aula de Filosofia), nos ajuda a entender quem tem realmente razão. Tanto na versão original quanto nesta atual, é realmente algo difícil de engolir, até mesmo para Leonardo di Caprio.
Para os que não estão familiarizados com os conceitos de psicanálise e da tragédia grega em questão, talvez esse filme não cause o mesmo impacto que causou em mim. Ainda assim, apesar de grosso modo ser um thriller cujo roteiro é relativamente batido, aspectos como atuação, a fotografia (o clima sombrio do filme é muito bem produzido), a trilha sonora (de grande serventia para a construção do clima de suspense) e principalmente a confusão que o diretor acaba conseguindo causar no espectador fazem de A Ilha do Medo um filme a ser assistido com bons olhos.
2 comentários:
Oi Danico. Parabéns pelo blog. Invejo sua boa vontade para com cerveja e filmes. Eu não tenho mais assistido nada porque ando tão cansada que durmo em dez minutos de exibição. Beijos, saudade.
oi Lia!!!
obrigado pelo comentário... fazia tempo q esse blog não tinha a participação dos leitores... ultimamente nao tenho visto mtos filmes tb, ainda mais filmes interessantes o suficiente pra merecer um post... beijos, sdds tb
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