terça-feira, 24 de julho de 2012

LIKE STARS ON EARTH (2007)

Meu primeiro contato com o cinema indiano se deu em 2008, com o premiadíssimo “Quem quer ser um milionário?”. Por incrível que pareça, Like stars on Earth compartilha muitos dos prós e contras com o mais premiado êxito de Bollywood até hoje, a citar. Como aspectos positivos, ambos apresentam esquema de cores e fotografia belíssimos, roteiro criativo e fora do mainstream americano, elenco muito bem escolhido, com atores e atrizes desempenhando espetacularmente seus papéis, demonstrando a grande capacidade de direção do indiano Aamir Khan.
Infelizmente, é difícil encontrar um filme perfeito. Que me desculpem os saudosistas dos antigos musicais, mas a inserção de canções com clipes no meio de filmes não me agrada e foge ao propósito de contar uma estória com objetividade.  Ao levar em conta que é a vida de uma criança indiana que está sendo contada, até pode-se fazer vista grossa para os cerca de 20 minutos “perdidos” com musicais, alguns deles até pertinentes ao relato, mas a maioria não.
Digressões e críticas a parte, Khan consegue transformar algo que poderia ser visto como piegas nas mãos no diretor errado em mais de duas horas e meia de uma história de emoção e superação. O final da frase anterior já dá a dica: nosso protagonista, o espoleta Ishaan Awasthi, de 8 anos, bagunceiro, distraído e, aparentemente, com inteligência abaixo da média. O menino-problema é causa de constantes dores de cabeça para seus pais, que não tem o mesmo problema com o filho mais velho, Dada, que sempre tira as notas mais altas da sala.
Um dia, Ishaan gazeia aula e pede para o irmão forjar a assinatura da mãe, para fugir da bronca. Como mentira tem perna curta, o golpe acaba sendo descoberto e os pais vão à escola, onde recebem mais uma enxurrada de reclamações sobre o filho. O pai decide que essa é a gota d’água e manda o filho para uma escola interna.
Ali, dá-se uma transformação radical na personalidade do menino até então bagunceiro e sempre com um sorriso no rosto. A dificuldade de aprendizado lhe faz virar motivo de riso constante dos colegas e broncas dos professores, que lhe chamam a atenção todos os dias. Ishaan, praticamente mudo e deprimido, parece estar no fundo do poço quando seu salvador da pátria aparece. O professor de artes, carrasco que dava reguadas nos alunos que não desenhassem objetos com perfeição, muda de emprego, dando lugar a um professor interino. Esse jovem, de métodos pouco ortodoxos, é o que descobre o que há de "errado" com Ishaan e vê o potencial do menino escondido atrás de uma falsa fortaleza que o menino tenta impor para o mundo.
É a partir daí que o filme floresce e começamos a torcer ainda mais pelo protagonista, quando descobrimos o que havia de errado com ele e o poder que a confiança dos outros pode exercer em nós, tanto para o bem, quanto para o mal.  É uma linda lição de vida.