Certa ocasião um amigo havia comentado comigo sobre um diretor sul-coreano chamado Chan-wook Park, conhecido pelo polêmico Old Boy, um misto de belíssima linguagem visual e problemas familiares dignos da fábula grega de Édipo.
Eis que tempos atrás o mesmo amigo comentou sobre um interessante blog (foriegnmoviesddl.blogspot.com) onde pude encontrar uma imensa lista de filmes cult. Ali, vi elencados alguns filmes de Park, entre os quais o objeto do post de hoje.
A exemplo de Old Boy, Lady Vengeance trata de dramas complicados da sociedade. O "novo", nessa história, talvez seja uma das maiores inversões de paradigmas que pude observar até hoje dentre os filmes que já assisti.
Afinal, em que mundo uma jovem, por mais bonita que seja, que tenha sequestrado e matado uma criança acabaria virando a heroína de qualquer história fosse? É também difícil imaginar a mesma anti-heroína ser capaz de demonstrar os mais profundos laços de afeto para com sua linda filha, da qual esteve privada da companhia durante o longo período em que esteve presa.
Seria irresponsabilidade demais de minha parte revelar como e porque a bela Yeong-ae Lee reverte uma situação de escárnio público em exemplo de moralidade e cumprimento da justiça em uma sociedade que teoricamente teria um poder judiciário muito mais eficiente que o lentíssimo sistema brasileiro.
Outra quebra de paradigma presente é como Park consegue a façanha de sincronizar uma lindíssima poesia visual (fotografia digna de Oscar), de cores e montagens estonteantes, a um tema tão violento e polêmico, sem o uso de imagens explícitas e deixando os momentos mais chocantes a cargo da imaginação do público.
Eu mesmo me peguei "mordendo a língua" durante o filme, pois, há pouco tempo nunca poderia imaginar que um filme cheio de ação e violência poderia despertar tanta admiração em mim, por mais que acabasse, em um segundo momento, revertendo-se em um drama profundo, interno, e até mesmo filosófico e sociológico. Lady Vengeance é um colírio para os olhos, mas uma chacoalhada na moral e nos paradigmas. Encanta, mas choca. Palmas para Park.